Kane Fetterly
Avis de décès
Manuela Valente
Saint-Lambert – le 17 octobre 2023, Manuela a choisi de mettre fin à l’insupportable douleur qu’était devenue sa cécité. Pour une femme qui prisait tant la beauté de tout ce qui l’entourait – les personnes, la faune, la flore, l’art – et qui lisait comme l’on respire, la vie avait perdu tout son sens.
Elle laisse dans le deuil ses filles Alexandra (João), Paula (Jean-Pierre) et Filipa; ses petites-filles Joana (Matthew), Tanya (Jean-François) et Andreia (Nicolas); ses arrière-petits-enfants Béatrice, Owen, Charlotte et Lucas; sa sœur Ausília/Zee; ses frères Victor (Zélinha/Graziela) et Luís (Louise); ses neveux et nièce Nuno (Hannah), Thiago (Marie-Anne), Sofia (Stephen), Miguel, Marco et Sergio.
Née à Olhão, au Portugal, elle a vécu en Afrique de ses 2 ans (Congo belge, Angola, Afrique du Sud et Mozambique) jusqu’à son mariage en 1962. Ses quatre enfants – Alexandra, Paula, Carlos (1971 – 1991) et Filipa – sont nés au Portugal de son union avec Carlos Mendes.
En août 1978, le Canada devenait son sixième pays d’accueil. Et c’est au Canada que Manuela a poursuivi son insatiable soif d’apprendre et de savoir, parfois à coup d’expériences très dures. Divorcée à 40 ans, elle a dû se résoudre à forger une vie pour laquelle elle n’était nullement préparée. De catholique fervente et très pratiquante, elle est devenue une non-croyante convaincue. Toute sa spiritualité s’inspirait de l’émerveillement profond que Maman ressentait envers le monde naturel.
Ses vingt-trois ans à la Banque Scotia ont été, longtemps, une grande source d’affirmation personnelle et où elle a acquis pleinement son autonomie. Maman fut une professionnelle très aimée par ses collègues et par d’innombrables clients.
Environnementaliste avant même que le terme n’existe, Maman avait horreur du gaspillage et des abus éhontés de la société dite de consommation. Les animaux l’adoraient, ils la savaient une alliée de cœur. Ces dernières années, elle exprimait régulièrement son outrage contre l’inaction du monde pour contrer les effets néfastes de l’activité humaine.
Son amour des mots et des langues, allié à un talent indéniable pour l’écriture – en prose ou en poésie – nous laissent un héritage très riche de ses réflexions et analyses.
Manuela a perdu son seul fils l’année de ses 50 ans. Une épreuve qui l’a laissé écorchée et comme elle-même l’a si bien décrit « enceinte de son absence ».
Les naissances de ses trois petites-filles, la réunification avec ses parents après tant d’années séparés par un océan, les voyages et l’amitié, tous ont été source de beaucoup de joie. Mais encore et toujours, la lecture était une passion dévorante, la télévision – nouvelles, documentaires, programmes culturels – une compagnie constante, et les réunions familiales les moments les plus précieux.
À 60 ans, Maman découvre l’amour-passion. Si de courte durée et traumatique, ce deuxième mariage avec Pierre Olivier n’en fut pas moins une merveilleuse découverte d’émotions méconnues.
C’est aussi à cette époque que le diagnostic de glaucome lui a été annoncé. Si relativement contrôlable pendant quelques années, l’agressivité du type de glaucome dont souffrait Maman a fini par avoir raison de tout ce qu’elle tenait pour plus précieux. Accompagné d’une surdité de plus en plus complète, son isolement, sa solitude et son sentiment d’inutilité sont devenus insoutenables. Et, pour quelqu’un d’indomptablement indépendant, la perspective de devenir complètement dépendante des autres était inacceptable.
L’arrivée de quatre arrière-petits-enfants est venue, un moment, soulager l’angoisse que lui procurait le glaucome. Mais la noirceur de ses journées était devenue englobante.
Jusqu’à la fin, son courage a été tout simplement extraordinaire. Elle a vécu seule jusqu’à la dernière journée, et elle va nous laisser un vide sans fin…
Adeus Mamã!
Une cérémonie célébrant sa vie aura lieu le 3 novembre prochain : à 15 h 30 une plantation d’arbre, avec ses cendres, au Cimetière Notre-Dame-des-Neiges, 4601, chemin de la Côte-des-Neiges, Montréal (QC), H3V 1E7. Dès 18 h, une réception suivra au Complexe funéraire Kane Fetterly, 5301 boul. Décarie, Montréal, (QC), H3W 3C4
Saint-Lambert – no dia 17 de outubro de 2023, a Manuela decidiu acabar com a dor insuportável que se tinha tornado a sua cegueira. Para uma mulher que tanto valorizava a beleza de tudo à sua volta – gente, fauna, flora, arte – e que lia como se respira, a vida tinha perdido todo o sentido.
Ela deixa enlutadas as filhas Alexandra (João), Paula (Jean-Pierre) e Filipa; as netas Joana (Matthew), Tanya (Jean-François) e Andreia (Nicolas); os bisnetos Béatrice, Owen, Charlotte e Lucas; a irmã Ausília/Zee; os irmãos Victor (Zélinha/Graziela) e Luís (Louise); os sobrinhos e a sobrinha Nuno (Hannah), Thiago (Marie-Anne), Sofia (Stephen), Miguel, Marco e Sergio.
Nascida em Olhão, Portugal, viveu em África desde os 2 anos (Congo Belga, Angola, África do Sul e Moçambique) até ao casamento com Carlos Mendes em 1962. Os seus quatro filhos – Alexandra, Paula, Carlos (1971 – 1991) e Filipa – nasceram em Portugal.
Em agosto de 1978, o Canadá tornou-se o sexto país de acolhimento. E foi no Canadá que a Manuela desenvolveu a sua sede insaciável de aprendizagem e conhecimento, por vezes através de experiências muito difíceis. Divorciada aos 40 anos, teve que construir uma vida para a qual não estava preparada de forma alguma. De católica devota e muito praticante, tornou-se uma descrente convicta. Toda a sua espiritualidade futura era inspirada na profunda admiração que a Mamã sentia pelo mundo natural.
Os seus vinte e três anos no Banco Scotia foram, durante muito tempo, uma grande fonte de afirmação pessoal e onde adquiriu a sua plena autonomia. A Mamã foi uma profissional muito querida e apreciada pelos colegas e inúmeros clientes.
Ambientalista antes mesmo de o termo existir, a Mamã tinha horror ao desperdício e aos abusos descarados da chamada sociedade de consumo. Os animais adoravam-na, sabiam que ela era uma ddefensora imediata. Nos últimos anos, ela manifestava regularmente a sua indignação contra a inacção do mundo para combater os efeitos nocivos da actividade humana.
O seu amor pelas palavras e pelas línguas, aliado a um inegável talento para a escrita – em prosa ou poesia – deixa-nos um riquíssimo legado das suas reflexões e análises.
A Manuela perdeu o único filho no ano em que completou 50 anos. Um desgosto que a deixou de rastos e, como ela mesma tão bem descreveu, “grávida da sua ausência”.
O nascimento das três netas, o reencontro com os pais depois de tantos anos separados pelo oceano, as viagens e a amizade, foram motivos de muita alegria. Mas sempre, constantemente, a leitura foi uma paixão devoradora; a televisão – notícias, documentários, programas culturais – uma companhia constante; e as reuniões familiares os momentos mais preciosos.
Aos 60 anos, a Mamã descobriu o amor-paixão. Embora de curta duração e traumático, este segundo casamento com Pierre Olivier foi, sem qualquer dúvida, uma descoberta maravilhosa de emoções pouco conhecidas.
Foi também nessa época que ela foi diagnosticada com glaucoma. Embora relativamente controlável por alguns anos, a agressividade do tipo de glaucoma de que a Mamã sofria acabou por lhe roubar tudo o que ela tinha de mais precioso. Acompanhado de uma surdez cada vez mais completa, o seu isolamento, a sua solidão e o seu sentimento de inutilidade tornaram-se insuportáveis. E, para alguém indomavelmente independente, a perspectiva de se tornar completamente dependente dos outros era inaceitável.
A chegada de quatro bisnetos veio, por um momento, aliviar a ansiedade que o glaucoma lhe causava. Mas a escuridão dos seus dias tornou-se abrangente.
Até ao fim, a sua coragem foi simplesmente extraordinária. Ela morou sozinha até o último dia e vai-nos deixar um vazio sem fim...
Adeus Mamã!
Uma cerimônia em comemoração da sua vida será organizada no dia 3 de Novembro: às 15h30, a plantação de uma árvore, com as suas cinzas, no Cemitério Notre-Dame-des-Neiges, 4601, chemin de la Côte-des-Neiges, Montreal (QC ), H3V 1E7. A partir das 18h, uma recepção no Kane Fetterly Funeral Complex, 5301 boul. Décarie, Montreal, (QC), H3W 3C4

